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27 de Março de 2024
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Seminário reúne mulheres para debater inclusão feminina no setor de TI; saiba como foi
Sindicato dos Trabalhadores em Tecnologia da Informação de São Paulo (Sindpd-SP) promoveu um seminário mediado, conduzido e comandado por mulheres



Para concluir suas ações realizadas no Mês da Mulher, o Sindicato dos Trabalhadores em Tecnologia da Informação de São Paulo (Sindpd-SP) promoveu, em sua sede, o seminário "Desafios para a Inclusão Feminina no Setor de TI" nesta terça-feira (26). Durante todo o dia, painéis temáticos foram mediados, conduzidos e comandados por mulheres especialistas nos temas abordados.

A abertura do evento contou com a presença de Antonieta de Cássia Dorledo Faria, secretária nacional da Mulher da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), da presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Tecnologia da Informação do Mato Grosso (Sindpd-MT), Lucimar Urbano de Arruda, e do presidente do Sindpd-SP, Antonio Neto. Os painéis foram mediados por Luiza Martins Santos, advogada e mestranda em Direito Constitucional na PUC-SP e por Giulia Marzocchi Nobrega da Silva, estudante universitária de Direito na PUC-SP.

Uma das únicas presidentes de sindicato do gênero feminino no país, Lucimar Urbano de Arruda contou que as primeiras referências de força feminina em sua vida foram sua avó e sua mãe. A dirigente sindical lembrou que quando resolveu estudar para se tornar profissional de TI, era a única mulher na sala de aula. "A tecnologia da informação ainda é um campo majoritariamente masculino, mas nós podemos fazer a diferença", defendeu.

Antonieta frisou a importância da participação da mulher de políticas públicas e disse que se sentiu honrada em representar a CSB nas discussões que culminaram na aprovação do projeto que criou a Lei de Igualdade Salarial (Lei nº 14.611/2023) no Congresso Nacional. A partir da sanção da lei pelo presidente Lula, foi gerado o 1º Relatório Nacional de Transparência Salarial, divulgado nesta segunda-feira (25) e mostrou que as mulheres recebem em média 19,4% a menos que os homens no Brasil.

Antonio Neto ressaltou a importância do relatório inédito, que possibilita ao país tem uma dimensão real da desigualdade salarial entre homens e mulheres, e criticou federações ligadas aos patrões, que entraram na Justiça para não terem que fornecer as informações necessárias para a formulação do relatório de transparência salarial. "Pior ainda é ver certos tribunais concederem decisões favoráveis a quem não quer respeitar a nova legislação, que é histórica".

"Se pensarmos no mercado de trabalho, podemos dizer que cerca de 52% dos trabalhadores são mulheres, são trabalhadoras. O resto, ou seja, os outros 48%, é formado por filhos de mulheres", argumentou o presidente do Sindpd paulista.



Reforma trabalhista favoreceu aumento do assédio, diz Mestre em Direito do Trabalho

No primeiro painel do dia, a Dra. Lucinéia Rosa dos Santos debateu o combate ao assédio moral e sexual contra mulheres no ambiente de trabalho. Doutora em Direitos Humanos e Mestre em Direito do Trabalho, Lucinéia relacionou a aprovação da Reforma Trabalhista, em 2017, com a precarização das relações de trabalho e consequentemente o aumento dos casos de assédio contra mulheres.

O enfraquecimento dos sindicatos, asfixiados financeiramente após a reforma, também contribuiu para o crescimento dos abusos, vistos que as entidades sindicais perderam poder de fiscalização dentro das empresas. A professora da PUC-SP lembrou que começou sua carreira na advocacia trabalhando em um sindicato de trabalhadores.

"É importante que mulheres que se sintam assediadas tenham no sindicato um canal para fazer suas denúncias", defendeu. A advogada vê um tímido avanço no combate ao assédio sexual nos últimos anos, principalmente por conta do aumento das denúncias e do suporte que as mulheres têm dado umas às outras. Sobre o assédio moral, Dra. Lucinéia lembra que ele já começa no processo de contratação de mulheres, em relação à maternidade e/ou gravidez.

"Quando falamos de assédio estamos falando da saúde mental da trabalhadora", aponta, lembrando que o dano à saúde mental das mulheres reduz a produção das mesmas no trabalho, retroalimentando o cenário de constrangimento, que muitas vezes ocorre de forma reiterada. Ela lembrou que práticas antissindicais de empresas, que tentam impedir que seus funcionários sejam sindicalizados, também são uma forma de assédio moral.

Sobre o setor de TI, Dra. Lucinéia alertou sobre o aumento da pressão dos patrões sobre os empregados em meio ao crescimento acelerado da tecnologia da informação. "Estamos vivendo uma revolução tecnológica, e essa revolução faz com que, muitas vezes, os empregadores explorem cada vez mais a mão-de-obra, reduzindo salários e cobrando maior produção".

A educadora pontuou que além da questão de gênero, a raça também é um fator decisivo no processão de exclusão das mulheres no mercado de trabalho e revelou que uma estatística mostra que mulheres negras sofrem assédios 25% a mais do que mulheres brancas. "Todas as mulheres sofrem o processo de exclusão, mas antes destas, a mulher negra. Antes de chegar à minha relação de gênero enquanto mulher, chega-se à raça. O primeiro ponto que nos impede de se ter uma ascensão profissional é a raça", acrescentou.

Nesta segunda-feira (25), o 1º Relatório Nacional de Transparência Salarial mostrou que as mulheres recebem 19,4% a menos que os homens e que o grupo pior remunerado identificado no levantamento é justamente o de mulheres negras. Lucinéia terminou dizendo que somente a união das mulheres e a participação dos homens neste processo podem garantir a erradicação do assédio moral e sexual nos ambientes de trabalho.



Empresas não querem cumprir Lei da Igualdade Salarial, diz procuradora do Trabalho

Desde que a nova Lei de Igualdade Salarial entrou em vigor, há menos de um ano atrás, tem proliferado na Justiça ações de empresas que não querem cumprir suas determinações, especialmente a parte que exige a divulgação dos salários dos empregados, contou a procuradora do Trabalho Cristina Gerhardt Benedetti.

Gerente nacional do Projeto Estratégico Sindicalismo e Diversidade da Coordenador Nacional de Promoção da Liberdade Sindical (Conalis) do Ministério Público do Trabalho (MPT), Cristina falou sobre a repercussão que a lei tem tido no meio do jurídico durante a palestra que ministrou nesta terça.

A procuradora iniciou sua exposição demonstrando como a exigência legal de igualdade salarial e qualquer discriminação não é novidade no país e no mundo. No Brasil, por exemplo, a própria CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), de 1943, já determina que homens e mulheres devem ter salários iguais para funções iguais.

Mesmo assim, a disparidade salarial e de oportunidades segue sendo uma realidade, especialmente pela falta de fiscalização e de punição para empresas que discriminam trabalhadores. São exatamente esses dois aspectos que a nova lei busca corrigir, explicou a procuradora.

Relatório expõe desigualdade

O 1º Relatório da Transparência Salarial, fruto da Lei da Igualdade Salarial, foi divulgado nesta segunda-feira (25) e constatou que os homens ganham em média 19,4% mais que as mulheres. A diferença é ainda maior em cargos de chefia e para mulheres negras, que ganham 66,7% do que é pago para trabalhadoras não negras.

Para ela, o ponto que mais pode surtir efeito no combate à diferença salarial é a obrigatoriedade da divulgação do relatório de transparência salarial, formulado pelo Ministério do Trabalho, que compila as informações que já são fornecidas pelas empresas por questões fiscais.

"Evidentemente que nenhuma empresa admite que não quer cumprir a igualdade salarial. Ninguém diz que é contra a lei porque quer pagar mais para homens. Elas dizem que são contra porque a lei vai expor os trabalhadores, porque é segredo comercial, uma série de argumentos que escondem o que elas realmente querem, que é não precisar cumprir a lei da igualdade salarial", afirmou.

Apesar de mais rígida, a punição prevista pela lei, ainda é insuficiente na opinião da procuradora, ainda mais tendo em vista que, segundo sua experiência, consequências econômicas são as mais temidas pelas empresas. A nova lei determina que a empresa que não cumprir com a obrigação poderá sofrer multa de até 3% da folha salarial, limitada a 100 salários mínimos, que pode ser cumulativa por infração.

Argumentos frágeis

Cristina explicou cada artigo da lei e, em seguida, desbancou alguns argumentos que têm sido utilizados contra ela. Alguns deles são:

- A lei expõe os funcionários: mentira, pois não são fornecidos dados específicos, como o nome e salário de cada um. As empresas devem fornecer a média salarial de homens e mulheres em cada função ou nível. Por exemplo, se ela tiver 20 funcionárias de nível técnico, os salários de todas elas são somados e o resultado é divido por 20 para chegar à média. O mesmo processo é feito com os homens no mesmo nível e, a partir da média, observa-se a existência ou não de alguma discrepância.

- A formulação e divulgação do relatório gera custos para as empresas: não acontece pois o relatório é feito pelo Ministério do Trabalho. A empresa deve somente responder um questionário com meia dúzia de questões, o que é realizado em poucos minutos, e em seguida divulgar o documento que lhe for fornecido.

- A lei não permite que funcionários realmente mais qualificados e produtivos ganhem mais: falso, pois estabelece que o salário deve ser igual para pessoas que exercem a mesma função ou trabalho de mesmo valor.

Além disso, ela destacou que a nova lei da igualdade salarial protege pequenas empresas ao exigir que a divulgação seja feita apenas por aquelas com 100 ou mais funcionários, ou seja, que têm estrutura tanto para cumprir as determinações, quanto para formular o plano de ação para atingir a igualdade que é exigido pela lei quando uma empresa tem disparidade.



CEO da Soulcode debate os desafios na qualificação e inserção de mulheres no mercado de TI

Há mais de 25 anos na área de tecnologia, Carmela Borst, CEO da SoulCode, debateu os propósitos da figura feminina dentro do ambiente de trabalho e a luta para desmistificar um padrão ainda vigente na categoria, pouco inclusivo em relação ao público feminino e sobretudo periférico.

Carmela é uma das primeiras - e poucas - mulheres a ocupar cargos de liderança no setor de tecnologia, e tem como preceito básico a educação e o empoderamento feminino. Hoje à frente da Soulcode, ela contou sobre o trabalho com a inclusão e capacitação de pessoas em desvantagem social.

Ser uma pessoa inconformada foi o que propulsionou Carmela na luta pela democratização da educação digital no país, sobretudo àqueles que não dispõem de recursos, residentes de favelas e mulheres sem oportunidades no mercado de trabalho.

A Soulcode é uma EdTech que oferece mais do que educação técnica. A iniciativa também oferece aprendizado de inglês (idioma fundamental para o profissional de TI) e valoriza o que se denomina no mercado de "soft skills", que são habilidades mais subjetivas como: trabalho em equipe, comunicação, liderança, criatividade, pensamento crítico, entre outras.

"A Edtech foi fundada por uma mulher. Mais de 50% das alunas são mulheres, com autoestima muito baixa e que não acreditam que podem programar e ocupar essas posições".

Segundo Carmela, uma mulher que deseja ingressar num mercado como este precisa exercitar sua confiança, para que, então, se possa trabalhar as "hard skills" - conhecimentos mais técnicos e específicos.

Com um currículo extenso, a CEO da Soulcode falou sobre a consciência de ser uma mulher com privilégios, que se vê na posição de atuar como uma agente social capaz de incluir aquelas que não tiveram as mesmas oportunidades.

Carmela Borst é especialista em ESG, Tecnologia e Marketing, foi vice-presidente da América Latina da Oracle, Infor e AON, com passagens por Harvard e Stanford, e conselheira administrativa pelo IBGC.

Também atua como conselheira das ONGs Gerando Falcões, Casa do Zezinho, Instituto Ser+, Instituto Capim Santo e curadora e parceira da Cufa, Carmela Borst também carrega o prêmio ONU Mulheres, nos Estados Unidos, pela ODS Educação de Qualidade.

Para conhecer mais sobre o trabalho da Soulcode, cursos e bootcamps, acesse: soulcode.com.



Mulheres se organizam para aumentar presença feminina no setor de TI

Se a necessidade de formar mais profissionais é um problema que preocupa empresários do setor de TI, a inclusão de mulheres nesse mercado é um tema que, embora possa ser parte da solução, ainda não recebe atenção suficiente dos empregadores. Os desafios para ampliar a presença feminina na área de TI foi o tema do quarto painel.

Especialista em cybersegurança e atuando na área há 27 anos, Eva Pereira hoje trabalha na ong Womcy, que busca ampliar o número de mulheres profissionais de cybersegurança, e contou que, quando começou sua carreira, conseguia contar nos dedos de uma mão quantas eram suas companheiras de profissão.

Hoje, segundo ela, a presença feminina na área de cybersegurança é de cerca de 20%, porém esse número sofreu um grande salto apenas nos últimos quatro anos, quando o índice era em torno de 8%. Ao mesmo tempo, estima-se que mundialmente haja uma defasagem de 6 milhões desses profissionais. Apesar do avanço, fica claro que, mesmo com oportunidades de sobra, a participação feminina no setor não chega nem perto de um nível igualitário.

Para Eva, a raiz do problema é cultural, pela ideia que ainda persiste que algumas profissões são melhores para homens, geralmente atividades ligadas a ciências exatas como é o caso da tecnologia de informação. Ela apontou, porém, que no geral as habilidades de homens e mulheres são sim diferentes, e essa é grande vantagem de se ter uma equipe diversificada.

"As mulheres têm mesmo mais visão ampla, visão do todo, mais tendência à criatividade. Os homens geralmente são mais focados, com visão mais estratégica. O segredo está em conseguir unir essas duas forças e ter uma equipe multidisciplinar, que até economicamente é mais vantajoso para as empresas pois já foi constatado que equipes multidisciplinares alcançam resultados melhores e mais rápido", explicou.

Discriminação de gênero

Há 17 anos na área de TI, Daniela Barbosa é especialista em garantia de qualidade. Apesar da ampla experiência, ela compartilhou que foi com o apoio de outras mulheres profissionais de TI, organizadas por meio de grupos online, que ela conseguiu avançar mais na carreira.

Essa comunidade foi a origem do "Cantinho das QAs", que ajuda não apenas profissionais da área a se reinserir ou ascender no mercado, como muitas mulheres que desejam fazer transição de carreira. Com o apoio da iniciativa, Daniela contou que aprendeu como montar um currículo melhor e dobrou a quantidade de respostas que recebe quando participa de processos seletivos.

Ela relembrou um caso de discriminação de gênero que sofreu há cerca de dez anos, mas que continua comum entre as mulheres no mercado de trabalho.

"Participei de um processo seletivo e passei, mas estava disputando a vaga com um homem. Ele que acabou sendo contratado porque não engravida. A gente não pode ser julgada porque engravida ou não, isso é uma decisão da mulher. Isso afasta muito as mulheres da área de TI, porque quando conversamos sobre pegar algum projeto, é muito comum nos questionarem se não há risco de engravidarmos no meio e isso atrapalhar o andamento", pontuou.

Consultora de negócios em TI e uma das responsáveis pela startup Weekend Women in Tech, Andressa Romanek disse que ingressou na área há 20 anos como recepcionista de uma grande empresa de TI e desde o primeiro momento se questionou por que havia tão poucas mulheres que trabalhavam ali.

Ela falou como seu olhar feminino é uma de suas ferramentas de trabalho, pois atua pensando como a tecnologia pode ajudar a melhorar a experiência das pessoas com processos que podem ser complexos e frustrantes para alguns, como buscar atendimento em um banco.

"Participei de um projeto de um grande banco que buscava humanizar o atendimento por telefone e foi necessário pensar não apenas na questão tecnológica, mas em como aquilo podia ser uma boa experiência nas mais diversas situações, e foi preciso ter um olhar solidário para isso. Imagina ser uma pessoa idosa, tentando falar com um atendimento eletrônico na rua em São Paulo, com barulho, correndo o risco de ser assaltada. Ter o olhar feminino foi essencial para melhorar esse processo", contou.



"Soft Skills" e a importância da mulher na humanização do trabalho

No quinto e último painel do seminário, o sindicato recebeu Maria Auxiliadora Camargo Marques, pedagoga, professora universitária, facilitadora e Life Coach Internacional do Método Louise Haye.

Maria Auxiliadora falou sobre a humanização das relações e nas interações interpessoais que, hoje, têm ganhado mais relevância no ambiente de trabalho e auxiliado com a alocação de mulheres em posições de destaque.

A pedagoga também salientou a importância das "soft skills", conceito muito utilizado no ambiente corporativo, que carrega como significado a ideia de "habilidades subjetivas", ou seja: relação interpessoal, criatividade, resiliência, pensamento crítico, autoconhecimento, entre outras.

"Quando a gente consegue trabalhar o autoconhecimento, buscamos a humanização das relações e aprimoramos as qualidades intrínsecas, nossas qualidades que já estão no bojo, que fazem parte da nossa competência natural".

A professora compartilhou informações e métodos sobre comunicação estratégica, escrita eficaz, disciplina, foco, organização, flexibilidade, gestão de tempo, além de compartilhar formas de otimizar a qualidade do dia a dia no trabalho, intitulado "Trilhas de Desenvolvimento".

O projeto tem como objetivo o despertar para o trabalho colaborativo, melhorando seu grau de satisfação e impactando positivamente o processo produtivo. O conteúdo estará disponível em breve no Sindplay, streaming de formação e qualificação para profissionais de TI.

Além de auxiliar as empresas e seus funcionários a se sentirem mais completos, o conteúdo visa o desenvolvimento com um bom clima organizacional.



(Fotos: Divulgação/Sindpd-SP)


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